Tem dias que não sei por onde vou. Vou por aí a procurar sem encontrar. Sinto-me perdida! Acontece a todos! A uns mais do que a outros. Dá uma vontade imensa de ficar na cama, no escuro, e esperar que passe, Não passa. Talvez se adie. Mas não passa. Resta levantar e ir atrás. E como canta Cartola, faço dos seus versos, o meu lema de vida!
“Deixe-me preciso andar
Vou por aí a procurar”
É que as coisas nem sempre são o que parecem. São duras de conquistar, Trabalho, trabalho muito, mas nem sempre é na hora que se dessa que acontece. Não faz mal. Antes as coisas que as pessoas. Bem, mas as pessoas também não são o que aparentam ser. Não é que seja bom, nem mau. Questionam-me sobre sorrir sempre. Sim, tenho sempre um sorriso. Sempre. Prefiro. Gosto mais. Alimenta-me o meu sorriso. Diziam-me:
“Parece que andas sempre feliz!”
Não parece. Eu sou feliz. Muito feliz. Agradecida à vida. À minha vida. Ao que conquistei, por mais pequeno que fosse. E por isso é o que parece. É assim mesmo sem subterfúgios. Mesmo quando estou triste, desanimada, frustada. Eu sou feliz. Mas tem dias que me sinto assim. Perdida. Perdida em mim. Que sou tão complexa. E complicada. Que não é a mesma coisa, mas quando se juntam, acho-me impossível de aturar.
Vou respirar fundo!
Quando paro e paro para pensar vejo que somos todos mais ou menos assim. Quer dizer, não de meias medidas. Isso não. Eu não. Mas que uns dias estamos assim e outros assado. Não que os julgue. Aos dias e às pessoas. Quem sou eu? Mas percebo-os. Aos dias e às pessoas. E ao percebe-los, aos dias e às pessoas, percebo-me também!
Uns são do tipo calmos. Mentira. O calmante é que acalma.
Uns são do tipo ricos. Mentira. O cartão de crédito é que paga.
Uns são do tipo tristes. Mentira. A timidez é que manda.
Uns são do tipo bonitos. Mentira. O photoshop é que retoca.
Uns são do tipo coitados. Mentira. A sovina é que fala mais alto.
Eu sou do tipo eu. Vou por aí a procurar. Sorrir para não chorar.
Não sou calma. Nem tomo calmantes.
Não sou rica. E pago tudo com cartão de crédito.
Sou exageradamente alegre, como só os ridículos sabem ser. Rio de mim também.
E a timidez não quer nada comigo. Às vezes, a solidão espreita e eu convido-a a entrar. Começo a gostar dela.
Sou também triste, mas porque adoro um bom drama.
Não sou bonita, nem feia. Sou o espirito da hora que é quem faz a beleza se revelar ou se esconder feito caracol.
E não, não sou coitada, porque não sei queixar-me e vivo com o que tenho, agradecendo.
Corro atrás do que não tenho e, no fim, dou sempre uma gargalhada porque ando de bem com a vida e não receio olhos gordos, nem maleitas, nem coisas verdes.
Eu sou do branco. Sou do azul. Sou da paz.
E depois, bom, bom é ter tempo para respirar fundo e seguir em frente. Sem tipos. E eu sigo, vou por aí a procurar onde me encontrar.