Desapego de Ter

Eu sou desapegada. Desapegada porque não me preenche a posse das coisas, a posse das pessoas. Acho até confuso, por vezes, o quanto amo desapegadamente. Para o caso, afirmo que o meu desapego é generalizado. Não tenho uns brincos de sempre. Não tenho um casaco de sempre. Não tenho uma casa de sempre. Não tenho um livro de sempre. Não tenho um amigo de sempre. Nem a mim me tenho de sempre. Acho que tenho desapego de ter. E, por isso, o desapego. E estranhamente, estranho ser assim.

Claro que, se de Ser falar, já me apego. Que o apego de ser não me dá para o desapego de ter.

Há muitos anos que aprendi a soltar as coisas. Por força das circunstâncias, também das pessoas me fui soltando. A início era questão de ter, do desapego de ter para mim as coisas e as pessoas. E chegou um momento, recentemente, que constatei que só de mim me não podia desapegar, e tantas vezes mo apetecia fazer … é que me canso. De mim. Mas não posso. De mim, não me posso largar. É que não se trata de despego de ter, mas de ser, e por ser tenho apego.

DESAPEGO DE TER

Hoje, exactamente antes destas palavras que escrevo, por busca de mais e mais qualquer coisa que me acrescente, encontrei um blog. Chama-se Escolha a sua Vida. É o blog de uma coach brasileira (os caminhos levam-me sempre para a mesma estrada, o Brasil), Paula Abreu, que não conhecia. Passeei pelo seu conteúdo. Espectacular! Muito motivador, positivo e assertivo. Como eu gosto! Identifiquei-me, portanto! Continuei em género de scrolldown até chegar ao fim da página e encontrar o texto mais genial que li nos últimos tempos. Dizia assim …

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Este pequeno texto é genial. É genial porque é a escolha da vida que a Paula Abreu fez. Partilhar. Sem ter direitos. Sem ter posse. Sem ter apego. Porque nada é “meu” quando é partilhado. Porque quando se partilha passa a ser “nosso”, “vosso”. Porque o apego é do que se é e não do que se tem. Porque levar o exemplo de cada um ao outro é criar um mundo melhor. Porque aprende quem vê. E dar é muito melhor que guardar. A não ser que se guarde exemplo do que se recebeu.

À Paula Abreu, que eu não conheço, obrigada querida! Obrigada por me lembrar que quem procura os seus, os encontra. E o encontro é uma arte, já dizia o poetinha Vinicius de Moraes.

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