Eu nem sempre fui ligada a datas, e com os anos e a falta de as festejar, talvez me tenha indo, ainda mais, a pouco e pouco, desligando da sua importância. Mas para vos contar como mudei de vida, não poderia deixar de voltar no tempo. Hoje volto ao passado. Hoje falo-vos sobre o excepcional ano de 2015. O ano da Mudança.
Pensando bem, eu sou mesmo de datas. Sou de crenças. Sou de superstições. Sou de intuições. Sou de destinos traçados. Definitivamente, não sou de acasos. E sou do Agora também!
E 2015 foi tudo isso e muito mais, foi o ano de viver o Presente e o Presente é Agora! A Mudança era presente e agora.
Foi um ano excepcional, este ano da Mudança, foi o ano em que me voltei a apaixonar!
Este ano fiz pela primeira vez muitas coisas, o que já queria ter feito, o que me decidi a fazer e o que jamais imaginaria ter feito. Fazer, fazendo acontecer foi o lema deste ano!
Logo no primeiro de Janeiro, a minha vida começou a mudar. Tinha acordado disposta a ser feliz, custasse o que custasse. Mas à minha volta a inércia tomava conta de quem não tinha pressa de viver. Eu tinha necessidade de ar, de sol, de liberdade.
As linhas da mudança começavam as escrever-se.
Saí de casa, lá no Campo Vinte e Quatro de Agosto, quase no coração do burgo. Sozinha. Fui andar por esta minha cidade que amo e que me deu tanto, desde sempre, acima de tudo, a força da minha identidade.
Conheço-lhe as ruas que sobem e descem. As pedras brancas e escuras dos seus passeios, o granito frio e austero das casas de azulejos coloridos. As gentes de pêlo na benta e letra na língua. Os tolos que a vagueiam. Os turistas que a descobrem e invadem. Fui e cheguei onde sempre dou, à Torre dos Clérigos.
A Torre dos Clérigos que me acompanha desde miúda, desde quando me queria refugiar e pensar na vida. Os anos passaram mas a miúda ainda cá anda. Já lá não estou só. Os chineses, os franceses, os italianos também querem o melhor angulo da minha bela fortaleza, da minha invicta. Quedei-me a olhar. Só a olhar. Porque a vida que faz pensar, tinha, por esta altura, decisões a tomar e tomou-as. Não havia mais que pensar.
Assim acontecia sobre o excepcional ano de 2015
Veio Fevereiro e o Carnaval, pela primeira vez, festejei exactamente como sei e gosto … A sambar, a rir e a brincar! Habituava-me à mudança.
Em Março, o meu filho António fez nove anos, e fui pela primeira ao Estádio do Dragão, ver jogar o Futebol Clube do Porto – Bayern de Munique. Ganhou o Porto 3-1. Uma alegria!
Em Abril, comprei a minha primeira passagem de navio para a travessia atlântica.
Da ideia do sonho à necessidade do acto de realizar. A mudança criava hábitos.
Em Maio, a sete, comprei o meu segundo carro sem opiniões nem considerações. Pela primeira vez!
E, a catorze, pela primeira vez, fui de avião, sozinha (dá para acreditar?), a Lisboa, para sozinha, ver o meu querido Roberto Carlos.
E a vinte e cinco, via, mais uma vez, a diva em palco, Maria Bethânia. Para minha felicidade, pela primeira vez, abracei-a e partilhei momentos de intensa espiritualidade. Agradecia cada segundo de vida!
Em Junho e Julho, e não, não era a primeira vez, confirmava que há pessoas que nunca mudarão, aconteça o que acontecer. A mudança está em nós.
Quem tem de mudar sou eu! E mudei!
Preparava a todo o vapor a minha viagem ao Brasil e começava a desenhar-se a ideia do blogue. E a ideia era falar de mim, da minha vida, da superação de obstáculos, da realização de sonhos e da vontade de se ser exactamente aquilo que se quer ser! No meu caso, a viajar!
Lá trás, como agora, sobre o que acho da opinião dos outros, é mais ou menos isto, em forma de legenda materna vinda do passado:
Não estou nem aí para as vossas considerações!
Não me digas que não, porque o caldo fica entornado!
Não era para fazer aqui, não? Pois, agora já está feito!
Em simultâneo, vivia intensamente o verão das minhas crianças, com quem trabalho e a quem dedico o meu tempo há quase quinze anos, são umas e outras que crescem e vão e vêm. Aqui, numa aula de capoeira que experimentei pela primeira vez!
A meu lado, sempre, a minha mãe, incansável, e as minhas parceiras de luta diária, leais e dedicadas. A elas, agradeço-lhes tudo o que me permitiram viver! Obrigada Al e El!
Depois veio Agosto, o meu mês, quarenta e um anos, e o mundo para descobrir com os meus, sempre mais que tudo, rapazes da minha vida!
E horas e horas, dias atrás de dias, todo o mês, a escrever, a digitalizar, a editar, a refazer, a desfazer, a chorar, a rir, a pensar, a prever, a saber.
O Blogue era já uma realidade …
Em Setembro, estava em estado de graça, o meu filho Francisco fazia dezasseis anos, e eu agradecia tudo o que tinha conquistado nesta vida!
Os meus filhos que são extraordinários (e chatos como só eles sabem ser!) e eu, que questionava tudo o que era e estaria para ser, e tudo isso já eu sabia que estava destinado a ser assim!
Não era bom, nem mau, era apenas a vida a se revelar!
Em Outubro, cumpri uma vontade antiga, fiz uma sessão fotográfica com a fotógrafa mais curtida que poderia ter escolhido … que foi inteira e captou instantes, tradução de mim!
A vinte e cinco de Outubro partia para Lisboa. Deixava as minha certezas guardadas no coração. As dúvidas viria a esclarece-las ao longo de toda esta jornada.
E a vinte e oito embarcava em Las Palmas na grande aventura da minha vida!
Ia atravessar o Atlântico de navio para chegar ao Brasil. Não cabia em mim de orgulho!
Aprendi a estar sozinha e a gostar muito, muito mais do que eu pensava. Porque na verdade nunca estive sozinha mas com todos aqueles a quem me dispus conhecer, conversar, rir, viver.
A felicidade era em mim um estado permanente. Era branca e brilhava como os brilhantes falsos dos meus brincos, mas como alguém me dizia “não é por isso que deixam de brilhar”!
E em Novembro, chegava ao Brasil! O meu sonho era agora realidade e aqui contaria tudo o que vi e vivi!
E em Novembro, voltei ao Porto. E nunca mais, nada do que era, do que tinha sido, voltaria a ser. Assim creio. E aceito.
Em Dezembro, mês da renovação, mês da luz, eu que sou de datas, vivi o Natal certa da renovação porque passo. Eu que sou de datas agradeço estes trezentos e sessenta e cinco dias cheios de sonhos realizados de vida vivida.
Eu que sou de crenças, que sou de superstições, que sou de intuições, que sou de destinos traçados, sei que o meu caminho ainda agora começou. Porque caminho numa nova direção que me levará ao melhor de mim.
Eu, que definitivamente não sou de acasos, sei o que está escrito, porque a minha vida quem a escreve sou Eu. A minha vida e a mudança que eu desejo. E eu voltei a apaixonar-me. Por mim!
mh
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