A primeira vez de avião e dez anos de vida vivida

O António faz dez anos! Dez anos! Uma década! Parece que foi ontem que o recebi nos meus braços! Tem sido uma viagem e pêras esta nossa vida a dois: mãe e filho. São dez anos e a primeira vez de avião! E lá vamos nós a Barcelona!

Dez anos e a primeira vez de avião

Dizem que se parece comigo. Eu também acho. Mas também tem muitas características paternas. E acima de tudo é ele. Acho que é uma mistura perfeita!

O parto foi de cesariana, como o Francisco, mas com epidural e por isso vi-o nascer, ao contrário de irmão. No Hospital de São João, já com dois dias, chorava dando largas à sua capacidade firme e decidida de se exprimir.

Assim permanece. Com vontades próprias.

Ama o irmão, que, pateta como é, adolescente típico, de certezas absolutas nos seus dezasseis anos e do alto do seu metro e oitenta e tal, não lhe liga nenhuma. Mas, eu sei, também o ama perdidamente.

Hoje, dez anos volvidos, estamos a festejar fora, pela primeira vez, porque a vida é para ser celebrada! E Barcelona é o sítio perfeito!

Que esta seja a primeira de muitas viagens com a mãe, pelo mundo fora, que cá dentro já percorremos muita estrada.

Sempre, sempre juntos! É a primeira vez de avião e dez anos de vida vivida.

Esta escapadela a Barcelona não estava nos meus planos. Na verdade, veio a tornar-se a viagem de celebração de dez anos do meu filho António!

Os factos ocorreram para que acontecesse. Que tudo andava pelo avesso até que se endireitou. O António nunca tinha viajado de avião. O Francisco tinha a viagem com o pai marcada  há semanas. E, no meio, estava o aniversário, o marco de uma década!

Depois de reflectir sobre as prioridades da vida, da minha e dos meus, entendi que devia ir! E Barcelona, justiça lhe seja feita, é um encanto! Era a primeira vez de tanta coisa que mais valia que se festejasse.

Dez anos e a primeira vez de avião

Apreensivo, o António fazia muitas perguntas. Apesar de estar a adorar todo o processo desde o dia que soube da aventura. Era a primeira vez que voava.

Perguntava se Barcelona era longe, se a viagem demorava muito. Se o avião era grande, se havia comida, se havia internet. Se o hotel tinha piscina, se podia comprar lembranças. Se ia andar muito, se os colegas sentiriam a sua falta … se, se, se!

Fui-lhe respondendo com paciência, calma e cautela. Não o queria defraudar! Acho que o enganei um poucochinho na parte do “andar muito” …

Entretanto, lá me confessou que sabia muito bem como era Barcelona e como eram os aviões porque já tinha visto muitos videos no YouTube e que ia ser canja. E foi!

Acordámos às quatro da manhã, tomamos um duche e o pequeno-almoço. Chamamos um Uber, um giro e minúsculo Mini Copper, carregamos as malas e às cinco e meia já estávamos na fila, enorme, para check in.

Dez anos e a primeira vez de avião

O ritual era o de sempre!

Mas para o António era a primeira vez!

Tira casaco e cinto. Pousa telemóvel e portátil. Saquinho transparente com as miniaturas cosméticas. Passa o controle. Põe cinto, veste casaco, arruma tudo e segue.

Passa o FreeShop, verifica porta de embarque, desce as escadas rolantes, confirma de novo a porta, senta e espera.

O voo ia completamente cheio e algumas malas seguiram para o porão.

Começou a chover miudinho e como, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, não há mangas de embarque, lá fomos nós à chuva que molhou, como sempre molha os tolos!

Dez anos e a primeira vez de avião

Os nossos lugares eram na frente, o 9A e 9B, à janela e ao meio. Como era a primeira vez não podia ter sido melhor. Rapidamente se sentou olhando tudo à sua volta e espreitando o breu que fazia lá fora.

– Ó mãe, é pequeno este avião, não achas?

Achava, claro que achava! Mas chegaríamos lá na mesma a metade do preço. Voámos na Ryanair.

O compasso de espera até à descolagem foi de alguma curiosidade. Põe o cinto. Abre a mesa. Fecha a mesa. Vira para trás. Olha para o lado.

– Demora muito?

A quê?

– A partir!

Não demorava nada.

Encostou-se ao banco, como já tinha visto fazerem nos filmes. Acho que fechou os olhos, mas só por uns segundos. E começou a rir, com as cócegas miudinhas que dá, quando sabemos que, não sendo pássaros, vamos voar durante a próxima hora e meia.

E partimos.

Dez anos e a primeira vez de avião

Como todos os voos, ou quase todos, este foi pacifico, descontraído e rápido.

Com todas as novidades que o António viu, penso que ver as nuvens e o sol nascer foi o que mais o surpreendeu!

E não é de admirar perante tal milagre da natureza!

Aterrar foi já um dado adquirido assim como recolher as malas e seguir até à saída do aeroporto. Estranhou a língua e a escrita … “pensava que o Espanhol era mais fácil!” pois, mas aqui é a Catalunha e fala-se e escreve-se catalão!

mh

*quanto à qualidade das fotografias … é amor, puro amor!

2 thoughts on “A primeira vez de avião e dez anos de vida vivida

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