Estou a descansar. Dou por mim a voar para longe. A voar. Chego aos trópicos onde o calor que já lá está aquece um pouco mais e abre caminho à primavera que se anuncia. Lembro-me da última vez que lá estive. A portuguesa mais carioca do Rio de Janeiro! Ela se acha … pensam vocês!!!
E têm razão! Mas este exagero é próprio de quem ama a cidade maravilhosa como eu! Então, está tudo bem se eu me acho mesmo …
Imaginem, um domingo quente e sereno. Deitada nas areias de Ipanema com a minha amiga Joana. Bebíamos mate e apreciávamos os astros globais, que desfilavam. A vista para o grande oceano, transformado em mar de banhos cálidos e mergulhos fazia-nos entender porque é que esta gente dourada é feliz!
Sentia ser a portuguesa mais carioca! Mesmo que seja mentira … ela se acha!
Em breve, horas mais tarde, deixaria o Rio de Janeiro, a minha cidade amada, a minha praia, para regressar à pátria. Ao Porto. Aos meus. Não mais lá voltei. Mas volto em breve. Muito breve. Porque de facto nunca de lá saio … que está em mim!
Mas ali, naquele domingo, acabava uma viagem única. Ter voltado lá é uma história rocambolesca. Diria digna de filme de domingo à tarde, nada que mereça um Oscar, mas que faz uma tarde sem graça ser muito mais bem passada.
Imagino-me deitada no sofá, a levantar no intervalo para ir buscar um chá de verde e umas bolachas de canela. Talvez uns lenços de papel. Kleenex. Regressar para, já sentada de lado, me enroscar na minha manta de xadrez preferida, como que pronta a prestar mais atenção aos detalhes.
Uma história assim não vai mudar a vida de ninguém. Ou se calhar, vai fazer toda a diferença na vida de alguém. Comigo foi assim! E hoje regressa com toda a força às minhas memórias.
Paro, bebo um gole do chá verde, que acabei por fazer. E penso. Penso que dois anos depois de ter ido ao Brasil a minha vida está como nunca imaginei. Embora no fundo sempre o soubesse. O Brasil está na minha vida desde sempre. E cada vez mais firma o compromisso de jamais sair.
Quando, em Novembro de 2015, eu fui a primeira vez ao Brasil, eu fui realizar um sonho, fui viver tudo o que imaginara a vida toda … e vivi!
Mais uma vez o exagero provava a realidade eu sentia-me a portuguesa mais carioca do Rio de Janeiro!
Para além de tudo o que achava, o Brasil deu-me uma noção de mim mesma que jamais voltei a negar, com todas as consequências que daí resultaram. Depois, marquei um regresso em Fevereiro para no Carnaval ir desfilar na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com a fantasia escolhida, e tudo marcado … na última hora, não fui, porque senti um patético peso na consciência que me falava de obrigações e responsabilidades … resultado: fiquei de tal forma triste e fragilizada, que adoeci e, desde o dia em que devia ter partido até ao dia que regressaria, fiquei de cama, prostrada e febril, sem conseguir fazer face às tais obrigações e responsabilidades … conclusão: a Escola ganhou o Carnaval aclamada como um espectáculo único.
Eu arrependi-me ao ponto de jurar a mim mesma que, no futuro, sendo “chamada” eu iria, sempre!
A 8 de Março, dia internacional da mulher, e um dia particularmente triste para mim, a vida andava para trás e eu não tinha como inverter a marcha sem dor, muita dor, recebi um telefonema às dez da noite. Já estava na cama, embora não dormisse, era a Joana Batista.
Nove dias depois estava a embarcar rumo ao Brasil. Durante os quinze dias seguintes, ia trabalhar ao lado da Joana na promoção dos nossos blogs em parceria com outras instituições e na Feira de Turismo WTM, onde fomos muito bem recebidas.
E, de repente, o mundo dava voltas e reviravoltas.
As nossas vidas acompanhavam os acontecimentos com a certeza de que tudo estava combinado nas estrelas e nós éramos meros peões nas mãos do destino, que nós procuramos, que nós decidimos, que nós fazemos acontecer. Mas não controlamos!
Então, eu não fui atrás do sonho, esse já era uma realidade.
Eu fui atrás dos meus objectivos, do meu futuro. Passou mais de um ano. E durante estes dias, todos os dias, eu trabalhei, eu estudei, eu li, eu cuidei dos meus filhos, cuidei dos filhos dos outros, encontrei amigas e amigos de longa data, conheci outros tantos, Sorri, chorei, desesperei, afirmei, mudei. Vivi. Construi dia após dia o que está a acontecer hoje. No presente. O meu futuro naquele ano passado virou o meu presente. Que será o caminho do futuro.
E o meu futuro está aí. Sou Travel Coach.
A minha intenção é levar a viajar quem se quer conhecer. Quem quer conhecer o Brasil. Ou quem nem sonha ou nem pensa em conhecer o Brasil, mas quer ir! Quer viajar. E quem quer também crescer. Quem quer se desenvolver interiormente.
Quem quer se conhecer. Quem quer viver o verdadeiro eu.
E eu quero mostrar o verdadeiro Brasil. O meu Rio de Janeiro amado. O meu Brasil do coração, aquele que eu busco, que eu desvendo.O melhor boteco, o melhor pôr do sol, a melhor casa de samba, a melhor hora de visitar o Cristo, o melhor mate da praia, a melhor feira, a melhor praia.
O melhor que a portuguesa mais carioca conhece, olha só como ela se acha! Mas é isso mesmo essa menina, que às vezes nem lembro que sou eu, foi, viu, experimentou, sabe!
E que sejamos “chamadas” muitas mais vezes, querida Helena!