Contracapa
Há momentos assim na vida, em que nos sentimos tão próximos da beleza e da verdade que tudo o resto parece irremediavelmente fútil.
Acredito, pelo que aprendi, experimentando, que viver é largar e seguir em frente. Mesmo que em frente esteja apenas o incerto, o desconhecido, o não vivido. Aprendi também que vemos o que vemos, o que queremos ver e o que ninguém mais enxerga. Vemos tanto mais quanto a nossa disponibilidade de ver: viajamos para dentro de nós, primeiro que tudo.
Escolhi o Miguel Sousa Tavares para me acompanhar com este Não se encontra o que se procura porque também eu ia em busca (não sei muito bem de quê). Gosto sempre de o ler, ao Miguel. E este quase diário despertou-me extraordinário interesse quando a cada palavra que lia sentia que poderia ser eu a dizê-lo (ou a escrevê-lo, se o soubesse já fazer assim tão bem!) pois a identificação era imediata.
Logo no marcador da capa, ele atrevia-se à ideia de que
Se pudesse ter uma vida paralela, gostaria de ter a vida de um caracol, carregando comigo a casa e plantando-a onde houvesse sol e silêncio, onde houvesse tempo e distância. onde houvesse essa improvável e louca hipótese de ser feliz mundo afora.
e, no fim, termina com uma pergunta
Como é que se regressa se não se sabe porque se partiu?
Regressei há dois meses, não dei resposta às minhas perguntas.
Ainda vou a caminho da minha viagem interior, a maior das viagens da Helena, percebendo que nunca encontrarei respostas se ficar, mas se partir, por certo, não encontrarei o que procuro.
Assim, resta-me viver!
mh
*Livro disponível para empréstimo.