Depois de quatro dias esplendidos chegava a hora de mudar para outro ponto de Boipeba, do céu passava ao idílico, ia agora para Moreré.
Mais uma vez tinha poucas opções para escolher, aliás duas apenas: ou ia de tractor ou ia de lancha. Optei pela lancha, que era mais caro, mas muito mais rápido. E ia por mar. Que saudades eu tinha do mar!
O marinheiro que me levou disse que a curta viagem de vinte minutos seria um pouco brava mas segura. Olhei para a calmaria das águas e não entendi o que me dizia.
Observei os barcos que descansavam, num momento de pausa, e se balançavam ao sabor das correntes.
Achei que não se tinha explicado bem e descansei, aproveitando as vistas das margens e das suas gentes.
Via de longe as areias que havia calcado e deslumbrava-me com tamanha beleza natural. Com tamanha simplicidade.
E entrava pelo mar dentro e sentindo a bravura daquelas águas que se revolviam sem que ninguém notasse.
O marinheiro, o mais experiente, disseram-me mais tarde, sabia o que estava a fazer, e conduzia conhecendo o caminho de olhos fechados.
A lancha galgava, onda após onda, batendo desamparada e fazendo tudo cair à sua volta. Começava a assustar-me. Mas não havia alternativa.
Eu ria-me, prenuncio de um nervoso miudinho, entregando a minha sorte. Decidida, agarrei-me com força, pronta para a adrenalina daquela viagem.
O sol estava alto, deixava que me queimasse a pele, os salpicos logo de seguida a refrescavam. E neste namoro, de astro e rei, cheguei a Moreré.
mh