Eu queria subir no Corcovado, ao Cristo Redentor, num dia de sol aberto. Fiquei-me pelo verso da canção “Da janela vê-se o Corcovado, O Redentor, que lindo”.
Só à terceira tentativa consegui. Primeiro estava já fechado. Depois estava nublado e não se via nada. E por fim, bem, por fim, lá consegui subir. Subi a Floresta da Tijuca, devagar. Devagar, os trilhos levavam-me aos céus.
As nuvens, essas estavam lá com o Sol escondido, pronto para brilhar. E ao avista-Lo fez-me perceber a dimensão de tudo aquilo. Aquele Cristo de Pedra, de braços abertos, a acolher a cidade e a perdoar toda a beleza, que é sabida e desfrutada, como se não houvesse mais do que o agora. E tudo era belo demais!
“Da janela vê-se o Corcovado, O Redentor, que lindo”
Tom Jobim
As centenas de turistas anunciados, as filas quilométricas para subir no trenzinho do Corcovado, as máquinas fotográficas em punho, os telemóveis em riste, o melhor angulo, deitado no chão, de longe, de perto, de lado… tudo, todos, não os vi.
Eu nada vi, senão Ele … de braços abertos para a Baia da Guanabara. Ele que me recebia.
Estar ali era, por si só, suficiente e tudo se resumia àquele momento. Aquele Cristo, parceiro de todas as horas, a quem me confio, em quem descanso, que me entende, que me guarda, que me silencia, que se me revela.
Ali Ele era tudo, estava tudo ali!
Ali, o meu Rio estendia-se descarado, totalmente exposto, sempre exagerado, tão lindo, de uma beleza rara. Como se na sua beleza, linda demais, tudo se perdoasse. Tudo se esquecesse. Como se tudo, se todos, estivessem em paz.
Eu pedia, em silêncio, que para sempre me lembre do que cá vim fazer!
Que para sempre agradeça.
Que para sempre saiba ser feliz. Nas boas e más horas.
Que saiba sempre quem sou, de onde vim, onde quero estar e para onde quero ir.
Hoje é dia 24 de dezembro e, por isso, véspera de Natal, véspera da data que nos lembra o nascimento de Jesus. Aquele que nos veio encher de esperança e de renovação.
Feliz Natal!
De Bonus deixo-vos esta pérola da Bossa Nova
Corcovado
Tom Jobim
Um cantinho e um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor que lindo
Quero a vida sempre assim com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade meu amor
O que é felicidade, o que é felicidade