Esta escapadela a Barcelona não estava nos meus planos. Na verdade, veio a tornar-se a viagem de celebração de dez anos do meu filho António!
O António nunca tinha viajado de avião, o irmão Francisco ia com o pai e, no meio, estava o aniversário, marco de uma década! Depois de reflectir sobre as prioridades da vida, da minha e dos meus, entendi que devia ir! E Barcelona, justiça lhe seja feita, é um encanto!
Apreensivo, o António perguntava se era longe, se demorava muito, se o avião era grande, se havia comida, se havia internet, se o hotel tinha piscina, se podia comprar lembranças, se ia andar muito, se os colegas sentiriam a sua falta … se, se, se!
Fui-lhe respondendo com paciência, calma e cautela, não o queria defraudar e acho que o enganei um poucochinho na parte do “andar muito” … entretanto, lá me confessou que sabia muito bem como era porque já tinha visto muitos videos no YouTube e que ia ser canja. E foi!
Acordámos às quatro da manhã, tomamos um duche e o pequeno-almoço. Chamamos um Uber, um giro e minúsculo Mini Copper, carregamos as malas e às cinco e meia já estávamos na fila, enorme, para check in.
O ritual de sempre: tira casaco e cinto, pousa telemóvel e portátil, saquinho transparente com as miniaturas cosméticas, passa o controle, põe cinto, veste casaco, arruma tudo e segue. Passa o FreeShop, verifica porta de embarque, desce as escadas rolantes, confirma de novo a porta, senta e espera.
O voo ia completamente cheio e algumas malas seguiram para o porão. Começou a chover miudinho e como, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, não há mangas de embarque, lá fomos nós à chuva que molhou, como sempre molha os tolos!
Os nossos lugares eram na frente, o 9A e 9B, à janela e ao meio. Como era a primeira vez não podia ter sido melhor. Rapidamente se sentou olhando tudo à sua volta e espreitando o breu que fazia lá fora.
– Ó mãe, é pequeno este avião, não achas?
Achava, claro que achava! Mas chegaríamos lá na mesma a metade do preço. Voámos na Ryanair.
O compasso de espera até à descolagem foi de alguma curiosidade. Põe o cinto. Abre a mesa. Fecha a mesa. Vira para trás. Olha para o lado.
– Demora muito?
A quê?
– A partir!
Não demorava nada. Encostou-se ao banco, como já tinha visto fazerem nos filmes, acho que fechou os olhos, mas só por uns segundos, e começou a rir, com as cócegas miudinhas que dá, quando sabemos que, não sendo pássaros, vamos voar durante a próxima hora e meia. E partimos.
Como todos os voos, ou quase todos, este foi pacifico, descontraído e rápido. Com todas as novidades que o António viu, penso que ver as nuvens e o sol nascer foi o que mais o surpreendeu! E não é de admirar perante tal milagre da natureza!
Aterrar foi já um dado adquirido assim como recolher as malas e seguir até à saída do aeroporto … mas estranhou a língua e a escrita … “pensava que o Espanhol era mais fácil!” Pois, mas aqui é a Catalunha e fala-se e escreve-se catalão!
mh